Porque agimos
Durante décadas os cientistas escreveram artigos, aconselharam governos, informaram os meios sociais: tudo falhou. Qual o objetivo em documentar cada vez mais detalhadamente a catástrofe que enfrentamos, se não estamos dispostos a fazer algo sobre ela?
Os académicos estão numa posição perfeita para travar uma rebelião: existimos em núcleos de conhecimento e especialização; temos boas conexões pelo mundo e com criadores-de-decisões; temos grandes plataformas a partir das quais podemos informar, educar e convocar outros por todo o mundo, bem como uma autoridade e uma legitimidade implícitas, que são a base do poder político. Podemos fazer a diferença. É necessário fazermos o que pudermos para impedir a maior destruição na História da Humanidade.
Como agimos
A resistência civil não-violenta tem provado ser uma das ferramentas mais efetivas na catalisação de mudanças sociais, além de um dos maiores condutores por trás de vitórias históricas na descolonização, direitos laborais, direitos das mulheres, direitos LGBT+ e direitos civis. É um último recurso, mas um que os membros da Scientist Rebellion, junto com muitos outros membros da sociedade, adotam cada vez mais para protestar contra a injustiça gritante de políticas, leis e sistemas que continuam a alimentar as crises climática e ecológica. Quando enfrentamos uma autoridade mais poderosa, podemos envolver o público e reforçar a pressão política e económica de um modo que outras formas de ação não conseguem.
Por trás de cada pessoa que vês a arriscar prisão numa resistência civil, existe uma equipa vasta e multidisciplinar a apoiá-la. Podes pensar nisso como sendo um iceberg. Não importa quais as tuas circunstâncias, existe um lugar para ti.
Uma maneira de nos apoiar é financeiramente. As tuas doações financiam a nossa capacidade de nos movermos a nível global e de levar a cabo ações impactantes que levem a uma verdadeira mudança. Uma academia unida precisa de incitar os poderes mundiais a agir de acordo com a emergência em que nos encontramos.
Cientistas de renome em matéria de alterações climáticas admitem, em privado, que o objetivo do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas de permanecer abaixo dos 1.5°C já não é alcançável. É urgente que os cidadãos saibam disto. Desde a participação nas atividades da Scientist Rebellion até à doação de materiais, há múltiplas maneiras de contribuíres para a mudança.
Passa à ação →Quem somos
Enquanto cientistas, temos chamado a atenção para a crise climática durante décadas, mas os governos não têm mostrado a devida consideração pelos nossos avisos e, ano após ano, as emissões têm aumentado. Atualmente, os governos falam em “manter 1.5 °C” e, simultaneamente, continuam a subsidiar combustíveis fósseis e a permitir as explorações de petróleo e de gás pelo mundo. Os 1.5 °C não estão, portanto, a ser cumpridos; pelo contrário, encontramo-nos a caminhar para um território desconhecido e aterrorizador. “Qualquer atraso numa ação concertada”, indica o último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, “levará à perda de uma breve e rápida janela de oportunidade para assegurar um futuro habitável e sustentável para todos.”
A Scientist Rebellion é um movimento internacional de cientistas e académicos, extremamente preocupados com as crises climática e ecológica, que veem na desobediência civil dos cientistas uma forma de pressionar os governos rumo à ação climática urgente necessária. Somos frequentemente identificados nas nossas ações por vestirmos batas laboratoriais que adotamos como afirmação política e como imagem do coletivo, procurando encorajar os cientistas de todas as áreas - e não apenas os investigadores de laboratórios experimentais - a usarem-nas connosco e a juntarem-se à nossa causa, exigindo as ações urgentes requeridas.
Não há tempo a perder.